Ingmar Bergman - Gunnar Fischer, do filme Morangos Selvagens, 1957 |
O que
vês? – Ouvi a pergunta, enquanto os olhos caíam sobre o espelho que ela
levantava diante de mim. Olhei. E ouvi de novo: o que vês? Perturbado, não sabia
o que responder. A pergunta trazia consigo um imperativo, exigia-me uma
resposta. Balbuciei algumas palavras, mas ela não as compreendeu e retornou: O
que vês? Sim, por certo via-me a mim, mas pela primeira vez eu via outra coisa,
além de mim, algo que eu era, mas não o sabia. O espelho exigia de mim palavras
que não tinha e, confesso-o, não sabia que resposta dar. Levantei os olhos para
ela e perguntei: Quem és tu para me interrogar assim? Posso ser a tua filha, ou
a tua mãe, ou a tua primeira mulher, ou a tua morte. O que te interessa saber
quem sou? O que vês?
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