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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Metamorfoses

James Whistler - Nocturne: Blue and Silver-Cremorne Lights (1872)

Há uma verdade à luz do dia e uma outra à luz da noite. Não são apenas as coisas que sofrem metamorfoses, que se transformam naquilo que não são. Também a verdade é itinerante, tomando sempre novas figuras. Os homens são tentados a contrariar os seus sentidos, em crer numa imutabilidade eterna da verdade. Esta, porém, sofre de uma inquietação estrutural e nunca se reconhece a não ser nesse acto de se metamorfosear.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Metamorfose e metanoia

Jackson Pollock - Alchemy (1947)

A viagem do espírito - quero dizer: a vida que somos solicitados a viver - é, na verdade, um processo alquímico, para usar uma metáfora ao gosto revivalista desta época, um processo de transformação do que é vulgar e vil no ser humano em algo que seja nobre e elevado. É uma metamorfose do espírito servil num espírito livre. A questão, porém, é que este caminho só começa se houver uma metanoia, uma conversão. Isto significa que se adopte um outro ponto de vista sobre a vida. A natureza dá-nos um programa em que ela se reproduz e persiste. Conversão significa, porém, que o homem descobre para além da natureza dada, marcada pela estrita necessidade, uma outra natureza, aquela que o solicita a ser mais do que mera necessidade, que lhe dá o imperativo de ser livre.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Os quatro elementos

Ivonne Sánchez Barea - Aire I (1997)

A velha doutrina dos quatro elementos - terra, água, ar e fogo - tinha, na sua ingenuidade e inocência míticas, um potencial de descrição da realidade mais elevado do que aquilo que se pensa hoje em dia. Certamente, esse potencial não estava ligado a uma descrição física do universo, mas a uma descrição do homem, dos seus estados múltiplos possíveis. Não se pode dizer que esses elementos caracterizassem diversas formas de espírito humano, mas antes que seriam metáforas que designavam formas de ser que continham tanto o corpo como o espírito. Fundamentalmente, são metáforas das possíveis metamorfoses psicossomáticas, no sentido grego dos termos presentes nesta palavra, pelas quais pode o ser humano passar,

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Metamorfoses

JCM - Colour Dreams (Vila Nova da Barquinha) (2007)

Quantas vezes as metamorfoses do céu são símbolo daquilo que se passa no espírito do homem. Um olhar ingénuo, dir-nos-á que os fenómenos luminosos que o céu reflecte em nada estão relacionados com o que se passa no espírito do indivíduo. Esse, porém, é um olhar ingénuo que esquece que todos os fenómenos ópticos são relacionais e que o indivíduo está implicado nessa relação. E essa implicação não se relaciona apenas com o processo de formação das cores, mas também com aquilo que o levou a dirigir o olhar para um certo lugar e de uma certa forma. As metamorfoses do céu só chamam a atenção de alguém porque esse alguém encontra nelas o espelho das suas próprias metamorfoses. Também elas são símbolo.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Atravessar a ponte

Andreas Feininger - Storm clouds hover over the Brooklyn Bridge and the ghostly skyscrapers 
of Manhattan’s financial district in March (1946)

Imaginamos sempre que uma ponte assegura a continuação de um caminho que um obstáculo interrompe. Passar a ponte é retomar a normalidade quebrada. Mas a passagem de uma ponte pode ser uma prova, uma prova tormentosa. Nessa passagem alguma coisa se transforma em nós e quando se chega ao outro lado já se será outro. Não.Uma ponte não assegura uma continuidade, não é uma mera ligação que une o idêntico. Ela é um lugar de ruptura, de descontinuidade, o símbolo que nos chama à transformação, à metanoia.