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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Pastores sem ovelhas

Pére Pruna - O Bom Pastor (1950-55)

No epíteto de Bom Pastor não emerge apenas a bondade como traço de carácter ou como qualidade técnica na condução do rebanho. Surge também a ideia de rebanho. O problema que se coloca às religiões do Livro - nomeadamente, ao Cristianismo - é que vivemos numa época em que os homens deixaram de se compreender como ovelhas de um rebanho. Este é o drama das igrejas cristãs e o terror dos clérigos muçulmanos. Que fazer com homens que dispensam pastores? Estarão eles condenados a uma vida destituída de relação com o espiritual? Nada aponta nesse sentido. Pelo contrário. O que os homens de hoje em dia dispensam não é a vida do espírito, mas o serem transformados em eternas crianças - em ovelhas de um rebanho - entregues à guarda de pastores que, muitas vezes, estão longe de serem bons. Pensar por si mesmo, essa injunção do Iluminismo, não é uma revolta contra o espírito, mas um novo fundamento de uma vida espiritual mais plena, mais profunda e mais comprometida.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A grande utopia

Adriano Sousa Lopes - Pastor na Serra da Estrela

Uma longa tradição - religiosa e política - associou aquele que dirige um grupo humano à figura do pastor. Este tem como missão cuidar do rebanho, evitar a perda de alguma ovelha. O pastor era a metáfora, num mundo tradicional, para o mestre espiritual e o chefe político. A modernidade aniquilou essa velha relação entre o pastor e o rebanho. Contudo, ela não destruiu a figura do pastor. Pelo contrário. Tornou-a um imperativo para cada homem. Cada um deve ser o pastor de si mesmo, cuidar de si espiritual e materialmente. Auto-governar-se. É esta - e não a sociedade igualitária - a grande utopia do tempos modernos.