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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Virtudes de Verão (12)

Vincent Van Gogh, Camineros en el Boulevard de Victor Hugo en Saint-Rémy, 1889

semeio um grão de perseverança

no campo húmido

pelos primeiros frios matinais

 

ergo os ombros e enfrento

as tentações do estio

o deslassar da vida no gruir do tempo

 

uma porta abre-se e o infinito

oferece-me uma estrada

um caminho sem princípio nem fim


Setembro de 2025

sábado, 13 de setembro de 2025

Virtudes de Verão (11)

Salvador Dali, Playa encantada con tres Gracias fluídas, 1938

pela graça da sombra de setembro

derramo a água dançante

da gratidão

 

grato pelo murmúrio da manhã

grato pelo troar da tarde

grato pelo navio da noite

 

sulco o oceano da obrigação

preso na armadura

translúcida do reconhecimento

 

Setembro de 2025

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Virtudes de Verão (10)

William Blake, Every man also gave him a piece of money

sob o suplício de um sol sem piedade

distribuo pelo mundo os frutos

frescos da compaixão

 

tâmaras em vinho envelhecido

uvas no silêncio da noite

damascos a quem se perdeu no deserto

 

abro a mão da água que recebi

e deixo um rio deslizar

para as bocas cariadas pela sede

 

Setembro de 2025

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Virtudes de Verão (9)

John Ruskin, A River in the Highlands, 1847

pastoreio os dias de setembro

sentado no pacífico

prado da paciência

 

olho em silêncio as águas do rio

e mergulho na sombra

da tília da tarde

 

terminou o tempo de revolta

o fogo arde

na brandura do coração

 

Setembro de 2025
 

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Virtudes de Verão (8)

Carlos Prado, Barredores de calle, 1935

soçobrar no vento que corre

humílima folha

caída sob o sol de agosto

 

de lado deixo o dardo de ferro

a água da presunção

o diadema no sal da altivez

 

virtuoso observo o horizonte

a crosta dos dias

a despenhar-se na poeira da terra

 

Agosto de 2025

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Virtudes de Verão (7)

Gerhard Richter, Abstr. B., Raps, 1995

mantenho-me leal ao ethos

incendiado da origem

aos dias acesos na alvura da casa

 

as nuvens passam transportadas

por pássaros de vento

iluminadas pelo candelabro do céu

 

da fidelidade  fabrico o fogo do dia

a fortuna dos barcos

com que navego o oceano do tempo

 

Agosto de 2025

sábado, 2 de agosto de 2025

Virtudes de Verão (6)

Gerhard Richter, Abstraktes Bild, 1995

faço do veludo do verão a bolsa

de onde generoso retiro

a esmola selvagem da vida

 

distribuo-a pelas dunas cerúleas

e aos pássaros perdidos

nas frágeis falésias do oceano

 

oiço tilintar o metal das moedas

nas mãos vazias

estendidas pela rainha do silêncio

 

Agosto de 2025

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Virtudes de Verão (5)

Ando Hiroshige, A Great Wave by the Cost, 1832

procuro nas veredas do vento

a virtude da verdade

o cristal aceso da crença

 

as ondas deslizam na areia

batalhões de gaivotas

esperam o troar dos tambores

 

os meus olhos são um espelho

onde o voo das aves

derrama a verruma da vida

 

Julho de 2025

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Virtudes de Verão (4)

Max Pechstein, Verano en Nidden, 1920

temperar as paixões de cada dia

na água do mar

ou na erva-doce do esquecimento

 

um infinito desejo habita

a morada azul

de um corpo sem açaime

 

os córregos do pensamento

desenham mapas

de luz na geografia da vontade


(Julho de 2025)

 

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Virtudes de Verão (3)

George Inness, Mañana, 1878

enfrento estes dias esculpidos

no vidro solar do mundo

com a coragem de um guerreiro

 

lanço às águas do mar o temor

do trevo azul do ocaso

e a incúria da exaltação

 

sou o prudente pastor e guio

o rebanho dos sonhos

por entre a erva crua da morte

 

Julho de 2025


terça-feira, 1 de julho de 2025

Virtudes de Verão (2)

Jacques Louis David, The Tennis Court Oath, 1791

em tribunal sem lei move-se

uma justiça urgente

a areia dos dias de verão

 

de sentença em sentença

o mundo arrasta-se

no pântano seco da glória

 

procuro julho nas sombras

de um mar saltimbanco

e adormeço no banco dos réus

 

Julho de 2025

domingo, 22 de junho de 2025

Virtudes de Verão (1)

Jakob Alt, The Garden of Laudaya,1841

entro nos dias de verão

revestido com o manto

púrpura da prudência

 

abro as janelas e deixo

o ar marítimo dançar

a valsa vazia da noite

 

como um ulisses cansado

disfarço-me na prudente

pobreza de ser quem sou

 

Junho de 2025