Imogen Cunningham, The Dream, 1910 |
Vivia na delicada fronteira que separa o dia da noite, num território poroso, habitado pelas mais extraordinárias espécies animais, abrigo de delicadas plantas, de floração lenta e prolongada, nunca entrevistas noutros lugares. Ali firmara a sua casa. Havia quem afirmasse que construíra sobre areias movediças, mas ela ignorava opiniões alheias. O sonho era a sua vida. Não o sonho dos visionários que pretendem enxertar os seus devaneios no mundo, mas o sonho puro, que é vivido apenas durante o sono. Tudo ali era mais real. Com o passar dos anos, a sonhadora começou a desprezar os estados de vigília, até que os aboliu. A sua vida era agora toda ela um sonho.
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