Arnold Böcklin - A Guerra (1896)
É preferível que não nos lamentemos da sujeição a que nos submete uma miséria
como a guerra e não pretendamos que ela impeça a entrega à vida do espírito;
pelo contrário, é nela que a vida do espírito toma toda a sua força e todo o seu
ardor. (Louis Lavelle, Carnets de Guerre 1915-1918)
Com estas palavras, o filósofo francês Louis Lavelle, inicia os seus Carnets de Guerre 1915-1918. A vida espiritual não pertence apenas ao puro domínio da contemplação no deserto ou na vida cenobítica. Ali, onde a vida se manifesta no que tem de mais trágico e aterrador, também é o lugar do espírito. O trágico da existência faz parte da viagem espiritual. Onde deveria o espírito manifestar-se com mais força e com mais ardor se não no lugar da maior tormenta? Não era Paulo que dizia: onde abunda o pecado, superabunda a Graça? Não é a guerra a superabundância do erro e da errância, isto é, do pecado?
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