Caspar David Friedrich, Puerto de Noche, 1818 |
Mais
que o dia, a noite terá descido até ao fundo insondável do inconsciente humano.
O terror do que se tornou desconhecido, a presença da morte mesmo ao lado, a
noite não era o lugar do sossego onde o corpo se desligava da vigília para se
entregar ao prazer do sonho. Quando a luz acabava, vinha a angústia trazida
pela incerteza que invadira o mundo, substituindo a exaltação derramada pelo
Sol. Foi assim que a pura noite se tornou em trevas e, no fundo de cada um,
continua a projectar o terrível com que durante milénios se revestiu,
lembrando-nos que a claridade é sempre efémera.
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