August Sander, Courtyard Musicians, 1928 |
Os músicos vestiam-se com o esmero exigido pelas grandes salas e no pensamento havia ainda uma réstia de esperança, o desejo de um milagre, um sonho que teimava em persistir noite após noite. Traziam sobre os ombros o peso de uma vida, as ruas por onde vaguearam à procura de um lugar para a sua música. Pátios, praças, esquinas de rua, grandes avenidas, vielas de frequência duvidosa. Paravam e começavam o recital. Havia quem os olhasse de soslaio, quem parasse um instante, quem deixasse cair uma moeda, quem passasse indiferente. Então, retomavam o caminho à procura do lugar onde a sua arte seria sublime e a sua música se confundiria com a das esferas celestes. Quando o vislumbraram, entraram num labirinto e perderam-se no caminho.
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