Eduardo Úrculo Fernández - El descubrimiento (1992)
Hesitou longamente. Esperou que o tempo se suspendesse, que alguma coisa o viesse salvar de uma decisão. A vida pesava-lhe nos ombros e agora que partia, era ainda essa vida que levava consigo, uma vida esquartejada no interior de muitas malas, para que nada lhe faltasse na viagem e no destino que o esperava. Olhava o horizonte, abanava a cabeça e dava alguns passos nervosos para a frente e para trás. Um remoinho descia da cabeça, fazia o sangue fervilhar e, no ventre, abria-se num enorme buraco vazio. O corpo tremia. Largou a bagagem e olhou em frente, deu um passo e outro e outro. As malas começaram a ficar para trás. O corpo tornara-se leve. Pela primeira vez sentiu em si o sopro da inocência em si. Deu um novo passo e continuou. Descobrira, não teria o destino da mulher de Lot.
Sem comentários:
Enviar um comentário