sábado, 5 de dezembro de 2015

O devaneio do voo

Ivonne Sánchez Barea - Voo (2007)

O homem pertence ao elemento sólido. É esta a sua natureza. Ao nadar, pode sobreviver na água. Por muito que se esforce, o homem não pode voar. Para tal precisa de se hibridar e adquirir as próteses que lhe permitam contrariar a gravidade. O voo protésico, porém, não é a realização do devaneio do voo que acomete muitos seres humanos. No sonho do voo, o homem pressente uma outra realidade, uma outra natureza liberta das condições físicas que o prendem ao corpo e, através deste, à matéria. Voar não significa então deslocar-se nos ares, mas antes elevar-se à condição de ser espiritual, para que, como acontece com o vento, possa soprar onde quiser.

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