Hashim Samarchi, A Pálida Lua, 1967 (Gulbenkian) |
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
Signo sinal 26. A rosa semântica
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
domingo, 23 de fevereiro de 2025
Inclinação de Inverno (9)
Santiago Rusiñol Prats, Jardin de Invierno, 1891 |
a estrada devoluta é uma sombra
no degelo da gramática invernal
as primeiras frases ressoam
trazem a luz do bosque arcaico
à solta na cidade sonâmbula
um rebanho de ménades em fúria
dança possuído pelo deus
canta o degelo na estrada vazia
Fevereiro de 2025
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
O sal do silêncio (122)
Leopoldo Novoa, Aujourd'hui personne n'est venu, 1976 |
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
A memória do ar (38)
Frederick Boissonas, Dans la Montagne, 1905 |
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Inclinação de Inverno (8)
László Meitner, Inverno em Paris (Gulbenkian) |
leio a segunda epístola de
inverno
na neblina nascida pela manhã
os olhos presos na cinza do céu
tremem no temor do cansaço
a cidade é um esboço delido
traçado pelo frio lápis de
carvão
fevereiro corre no coração dos
crentes
escutam a carta que ninguém escreveu
Fevereiro de 2023
sábado, 15 de fevereiro de 2025
A sombra da água (38)
John Ruskin, A River in the Highlands, 1847 |
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Geometrias de fogo (38)
Paula Rego, Ninho, 1972 (Gulbenkian) |
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
O Espírito da Terra (38)
domingo, 9 de fevereiro de 2025
Inclinação de Inverno (7)
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Biografias 33. O matador
Lucien Clergue, Bullfight, Arles, France, 1970-1979 |
O diestro olha, e nos olhos do touro vê os seus próprios olhos. Chegados à arena, tudo o que separava sacrificador e vítima sacrificial se confunde, como se a cintilação do traje de luces trouxesse não a sombra que cai sobre a praça, mas as trevas mais densas que, na tensão do confronto, o toureiro suspeita existirem antes e depois da vida. Se na praça se ouve um paso-doble, o homem na arena está surdo na sua solidão. O touro vai e vem, e a capa ondeia levada pelo vento nascido das mãos do lidador e da raiva cega do animal. Este, preso no horror, não vive no tempo, apenas naquele instante sem sentido, no frio momento despido de futuro. O tempo pertence àquele que maneja o estoque e decide a hora desse inocente onde se projecta a culpa do matador.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Diálogos morais 67. Desejo
Sergio Larrain, Bar, Valparaiso, Chile, 1963 |
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
Câmara discreta (25)
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André Kertész, Old Gentleman, Paris, 1926 |
sábado, 1 de fevereiro de 2025
Inclinação de Inverno (6)
Bernardo Marques, Inverno (Gulbenkian) |
o inverno é um alçapão por onde
se entra no silêncio do mundo
desce-se pelos dias frios e
chega-se
pela curva corda do vento à mudez
ali se permanece sem biografia
sem a querela de cobre do
querer
as mãos abrem-se ao ritmo dos
dias
e deixam escapar o gérmen de um
gesto
Fevereiro de 2025