Ernst Haas, Herbert Von Karajan, Salzburg, 1978 |
Um dia, ainda muito pequeno, tomou a estranha decisão de se alimentar de música, numa dieta que corria paralela à da alimentação do corpo. Começou, talvez sob a influência parental, por ouvi-la, fazendo grandes esforços para a reter, lutando com denodo para que essa música não fosse evacuada com o correr dos dias. Percorreu as múltiplas estações necessárias para que pudesse enfrentar uma orquestra e retirar dela o mundo sonoro que tinha dentro de si. Chegada a hora, sempre que voltava as costas ao público e olhava os músicos nos olhos, deixava que das suas mãos se evolasse esses mundos sonoros que o alimentaram durante anos e, por contágio, tomassem o coração da orquestra e saíssem, como arcanjos puros, por cada um dos instrumentos que pairavam diante dos seus olhos fechados.
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