Esteban Vicente - Descubrimiento (1922)
São múltiplos os caminhos que, na viagem que cabe a cada um, se podem tomar. Não é certo que esses caminhos, ao bifurcar-se, não acabem por levar ao mesmo lugar. Um desses caminhos pode ser denominado o caminho da verdade. Não devemos, todavia, tomar a verdade como o acordo entre o nosso discurso - ou as nossas representações - com a realidade. Devemos tomá-lo no sentido grego de ἀλήθεια (alétheia), de desvelamento. A viagem é um desvelamento, o tirar o véu que nos impede de ver, a contínua revelação. Estar comprometido com a viagem no caminho da verdade não é uma questão cognitiva ou discursiva, mas existencial. Viajar significa que o viandante se dispõe a perder as escamas que, cobrindo-lhe os olhos, o impedem de ver.
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