Elizabeth Holsman - Um dia sonolento (1915)
Nos dias de torpor manifesta-se ao espírito uma certa qualidade do tempo que não é visível noutras alturas. É como se o tempo objectivo se tornasse mais lento, e a própria temporalidade se mostrasse cansada. Argumentar-se-á, não sem razão, que essa experiência se deve à nossa disposição psicológica e a uma certa configuração neuronal. Ambas levarão a uma antropomorfização da natureza, projectando a sonolência do homem na própria realidade objectiva. Nada melhor para o comprovar do que a medição exacta dos ciclos do dia e da noite. O que podemos perguntar, contudo, é pelo motivo que, em certas alturas, nos leva a considerar o tempo como lento. Não será a própria realidade e o decurso do tempo a exigir de nós esse tipo de interpretação? Não terá a natureza a necessidade de multiplicar as temporalidades, para melhor se manifestar, desprendendo-se de uma leitura objectivista dada pela medição do relógio?
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