![]() |
| Romà Vallés, Cosmogonies. Sèrie Color (6). 1962 |
Um rasto de romã e a tinta
do dióspiro
cobrem de carmesim
os que triunfam
na peregrina névoa da dor.
Na rua, abro-me à bênção
da água lustral,
o baptismo nas chuvas de Novembro.
Novembro de 2025
![]() |
| Moita Macedo, A mão que desenha, 1981 (Gulbenkian) |
![]() |
| Dr. F. Stuhlmann, Runssóro, 1894 |
![]() |
| Robert Demachy, Automne, 1899 |
![]() |
| Natalia Gontcharova, Paisaje rayonista. El bosque, 1913 |
![]() |
| Karl Greger, Ein Abend Bei Dordrecht, 1892 |
![]() |
| André Kertész, Waiting for the ship, Budapest, 1919 |
![]() |
| Eugene Robert Richee, Louise Brooks, 1928 |
![]() |
| Imogen Cunningham, Braille, 1933 |
![]() |
| Eduardo Nery, Escada Mística, 1972 (Gulbenkian) |
![]() |
| George Seurat, Industrial Suburb, 1882-1883 |
![]() |
| Adolph Miethe, Dreifarbenaufnahme: nach der natur, 1903 |
![]() |
| Guilherme Camarinha, Jardim das Artes, 1967 (Gulbenkian) |
![]() |
| Vincent Van Gogh, Camineros en el Boulevard de Victor Hugo en Saint-Rémy, 1889 |
no campo húmido
pelos primeiros frios matinais
ergo os ombros e enfrento
as tentações do estio
o deslassar da vida no gruir do tempo
uma porta abre-se e o infinito
oferece-me uma estrada
um caminho sem princípio nem fim
Setembro de 2025
![]() |
| Salvador Dali, Playa encantada con tres Gracias fluídas, 1938 |
derramo a água dançante
da gratidão
grato pelo murmúrio da manhã
grato pelo troar da tarde
grato pelo navio da noite
sulco o oceano da obrigação
preso na armadura
translúcida do reconhecimento
Setembro de 2025
![]() |
| Dmitri Kessel, Venice, Italy, 1952 |
![]() |
| William Blake, Every man also gave him a piece of money |
distribuo pelo mundo os frutos
frescos da compaixão
tâmaras em vinho envelhecido
uvas no silêncio da noite
damascos a quem se perdeu no deserto
abro a mão da água que recebi
e deixo um rio deslizar
para as bocas cariadas pela sede
Setembro de 2025
![]() |
| Franz Goerke, Am Luganer See, 1903 |