Ferdinand Hodler - Alma decepcionada (1891)
Vem todas as manhãs, desde que não chova, e parte pouco depois do meio-dia. Ainda era jovem quando começou a vir. Senta-se e olha. Não, não. Se procuro na memória descubro que o espectáculo, ao longo de tantos anos, está longe de ser monótono. Nos primeiros tempos, o seu olhar era garboso e inquieto, havia nele ânsia de domínio de tudo o que o rodeava. Mais tarde, parecia ter uma certeza funda nesse senhoria. A partir de certa altura, deixou de olhar em volta. Olhava para si. Agora olha para baixo, para a terra. Chega e parte e nunca dela desprende o olhar.
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