Júlio Pomar, Mulheres na Praia, 1950 |
Sentaram-se as três na areia da praia. Quem as visse pensaria que eram mulheres à espera dos maridos ocupados na faina do mar. Os traços rudes das faces, as roupas vindas de uma vida escassa, as costas viradas para o mar, como se dali pudesse vir não o bem, mas o pior dos males, tudo isso confirmaria a impressão do espectador. Como poderia qualquer mortal, sempre preso às aparências, descobrir a verdade? Quem as viu ao crepúsculo entrar nas águas não tem dúvidas. Eram sereias que esperavam a hora de regressar ao lar. Nunca mais foram vistas.
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