René Burri, French artist Yves Klein directing a model in body art painting. 1961 |
Metaforizar, seguindo a intuição de Aristóteles, é aproximar coisas que pertencem a realidades diferentes. Camões, num célebre soneto, aproximou fogo e amor. É esta aproximação regida pela a analogia - entre essas realidades haveria, apesar da diferença, uma certa semelhança - que o século XX vai levar até ao paroxismo. O modelo nu desce do pedestal e o seu corpo não serve já para ser copiado, mas como utensílio da própria pintura. O corpo transita de instrumento da visão para instrumento da acção. É a semelhança instrumental que permite o exercício metafórico - uma metáfora prática - de pintar não o corpo, mas com o corpo. Não produzir uma imagem, mas deixar um vestígio.
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