sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Arqueologias do espírito 2

José Salís, Alta mar, 1920
O lugar onde um deus irado tem o reino despótico e a morada luxuosa, esse mesmo sítio onde barcos e homens desaparecem para sempre, é um reflexo do pélago perturbado que existe no mais fundo dos seres humanos. Olhamos o oceano, esmagados pela sua desmedida, temerosos das suas armadilhas, inquietos pelo sopro do vento que ondula as águas, e sentimos um frémito na fímbria do que somos. Se em nós se fizer silêncio, depressa descobrimos todos os perigos que há no recôndito da nossa alma.

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