Robert Doisneau - The Cellist (1957)
Conheci-o num bar de Paris, daqueles que infestavam a Rive Gauche. Bebia, solitário, uma cerveja. O que me chamou a atenção não foi a sua solidão. Quem é que, naqueles dias e naqueles lugares, não era solitário? Meti conversa com ele levado pelo seu ar, como hei-de dizer, diáfano. A luz atravessava-o. Disse-me que era um anjo, o anjo da montanha. Ri-me e ele sorriu da minha incredulidade. O que faz, perguntei-lhe. Sempre que a humanidade está em perigo, subo ao cimo da montanha e toco o meu violoncelo, respondeu. E resulta? Ele olhou-me, irónico, e perguntou-me: terá a humanidade sido extinta?
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