Enrique Clement - La máquina de escribir, Blanco y Negro (1930)
Sentava-me e começava a escrever. Os textos cresciam ao ritmo da agilidade dos dedos. Inventava e reinventava histórias, como se a cornucópia da abundância tivesse sido derramada sobre mim. Um dia, porém, as teclas da máquina de escrever pareceram-me ligeiramente presas. Limitei-me a empregar mais de força nos dedos. No dia seguinte, tudo voltou ao normal. Passado semanas, tornou a acontecer. Nesse dia tive uma tontura. Mas, na manhã seguinte, a escrita fluía sem parar. Passados dois dias, os dedos foram impotentes para carregar nas teclas. Sobre mim desceu um grande nevoeiro. Até hoje. Esta é a última página que coloquei na máquina. Em branco.
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