domingo, 14 de agosto de 2016

O jogo de xadrez

Paul Ackerman - La partie d'échecs

Umas vezes ganha ela; outras, eu. Amei-a? Já não me recordo. O tempo passa e a memória compõe fábulas para aliviar a consciência. De um momento para o outro, descobrimos o xadrez. Dispomos as pedras em silêncio, depois jogamos. Não precisamos de falar. Com o passar dos anos, todos os nossos contactos se resumiram ao jogo. Casámos, descobrimo-lo há muito, para um jogo sem fim. Em cada cheque-mate o meu coração vibra de alegria, como se a matasse. Quando ganha ela, os seus olhos vitoriam a minha morte. O importante é não empatarmos. Isso seria uma espécie de acordo, a destruição da guerra que nos une.

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