JCM - Black & White Dreams, Valladolid (2006)
A luz afunda-se
no oceano e deixa a noite crescer dentro da cidade. Então ele anoitece pelas
praças e vielas, espera, como uma promessa, o regresso daquilo que o ilumina, o
chama para a vida, o visita mesmo se dorme. Quando a noite é mais negra, ainda
uma pequena luz bruxuleante fulgura no fundo do seu coração. Abre os olhos, e
ela ali está. Despida. Então ele soletra-lhe o nome e estende-lhe a mão, sente
a pele deslizar-lhe sob os dedos. Deseja-a. Ela sorri. Todo o seu corpo freme e
o olhar cintila. É a luz que o ilumina, a voz que o ergue da morte e o
ressuscita para a eternidade de cada dia. Desperto, descobre-se só, mas a luz
arde ainda num lugar secreto, no fundo silencioso da caverna da sua consciência.
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