JCM - Mitologias (os afluentes do silêncio) (2014)
O grande rio do silêncio, assim começo a minha crónica. Olho-o, sentado na varanda, e vejo frases, palavras, sílabas, as pequenas letras a caminharem para ele. Nascem impetuosas, mas logo se moderam e fazem do ritmo um exercício de abstinência, para desaguarem puras e belas no rio que as conduzirá ao oceano. Aí, livres do peso vocálico, abrem-se para que os deuses as tomem de volta, as enriqueçam de segredos e enigmas, e as devolvam plenas aos homens, para bênção ou desdita destes.
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