domingo, 11 de agosto de 2019

A desaparecida

Edvard Munch, Summer Night´s Dream (The Voice), 1893
Caminhava devagar nas noites de Verão. O calor impelia-a para a rua. Só assim, dando um passeio, o temor se aquietava. Era o que dizia. Talvez não passasse de uma mera justificação. Se o não fizesse, acrescentava, a noite seria atormentada por um sonho, onde uma voz desconhecida, vinda da escuridão, chamava por ela. Mal o Verão começava, ela, temerosa, dava o seu passeio, que suspendia no primeiro dia do Outono. Estes passeios terão demorado uma década. Começaram pelos quinze anos e continuaram até ao seu desaparecimento. Numa noite quente de lua nova, saiu como habitualmente. A certa altura, todos na aldeia o confirmam, ouviu-se uma voz estranha chamar por ela. Não tornou a aparecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário