Leonard Misonne, Bad Weather, 1909 |
Nos dias de chuva, ela passeava-se sob um guarda-chuva de
cor sóbria. Não havia no seu rosto, para além da beleza, um sinal que a
diferenciasse de qualquer um de nós. A família era conhecida e tinha influência
assinalável na cidade. O estranho era que nem a beleza nem a influência lhe
atraíam pretendentes. Nessa tarde de que me fala, chovia e ela fez o seu
passeio habitual. Sentou-se, contra o costume, num banco de jardim. De dentro
da gabardina, retirou uma garrafa, regou-se com o conteúdo e acendeu um
fósforo. As chamas consumiram-na de imediato. Quando chegaram perto do sítio
onde estava, não havia qualquer vestígio da sua existência. Nem sequer cinzas.
Não há provas de que tenha morrido.
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