Charles Lapicque - L’invitation à la sagesse (1961)
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mateus, 5:3)
Tanto na tradição grega como na judaico-cristã, o caminho da sabedoria nasce do exercício de despojamento do próprio espírito. Sócrates clamava que nada sabia e que essa era a mais elevada sabedoria. Como Cristo, também ele era pobre em espírito. Nicolau de Cusa, no século XV, sintetizou as duas tradições no conceito de douta ignorância. Esta pobreza, tida como ignorância, nasce do desfazer das ilusões que a erudição traz consigo, mas, mais do que isso, ela é a condição de possibilidade para que o viandante possa responder ao apelo da sabedoria.
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