domingo, 20 de janeiro de 2019

As bordadeiras

Kusakabe Kinbei, Parasol embroiderers in Japan, ca 1890

O trabalho lento, mas minucioso, dava-lhes um lugar no mundo.  O que era desprovido de graça, ao sair das suas mãos, parecia ter sido tocado por um deus. As ruas eram assim mais belas devido ao seu trabalho e não havia mulher que não se sentisse orgulhosa de ostentar um guarda-sol por elas bordado. Um dia, saíram da oficina e não tornaram a aparecer. Circulam versões para todos os gostos. A mais verosímil conta que, no fim de uma rua, entraram por uma porta e não mais foram vistas. Dias depois, a polícia instigada pelos patrões foi procurá-las. Arrombou a porta e quando se preparava para entrar descobriu que nada havia para onde ir. Além dela, estava, absurdo e ameaçador, o vazio absoluto.

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