Deborah Turbeville, Vera Abrusova, Stroganov Palace, 1996
Sim, conheço-a muito bem. Pelo menos, o suficiente para trocar com ela, de quando em quando, algumas palavras. De circunstância? Não, ela nunca fala para preencher o vazio ou para matar a solidão. Vive só, claro, mas não é uma solitária. Quando herdou o palácio, ele já estava em ruínas. Um dia, disse-me que tinha hesitado muito sobre o destino a dar ao destroço que tinha recebido. Quando o filho, o único que tinha, morreu, abandonou o marido, o mundo, e veio viver para ali. Disse-me que, a partir de então, aquele seria o seu elemento natural. Também ela era uma ruína sem futuro. Pálida, sorriu, como se pedisse desculpa, e entrou pela porta decrépita que não procurou fechar.
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