segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Exausta

Deborah Turbeville - Vera Arbuzova, Stroganov Palace, 1996

Exausta, deitei-me no chão. Não era capaz de dar mais um passo. Os quartos ficavam tão longe. Senti, por instantes, a dureza da madeira, mas adormeci. Se foi um sonho, não consigo dizê-lo. Sei apenas que me vi ali estirada, a respiração, a princípio irregular, serenou e adormeci. Pela primeira vez contemplei demoradamente o meu corpo sem que um espelho interviesse. A certa altura vejo-o multiplicar-se em incontáveis corpos. Reconheci-os, eram todos o meu corpo, desde o nascimento até agora. Afastavam-se de mim, condenando-me à solidão de ser apenas aquilo que sou em cada instante, para logo me ver partir para longe de mim mesma. Estou exausta.

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