Jing Huang - Pure Sight
O olhar sempre me fascinou. Não porque ele permitia discernir uma quantidade sem fim de coisas e de pormenores. Não, pelo contrário. O seu fascínio resultava da frustração, pode crer. Era impossível que, ao olhar fosse o que fosse, não se intrometesse uma espécie de ruído. Claro que treinem longamente os olhos, mas nunca conseguia evitar surpresas. A visão pura foi o graal da minha vida. Encontrei-o? É isso que deseja saber? Foi por acaso. Um dia, estando a olhar o horizonte em busca desse ver puro, fechei os olhos. Talvez estivesse cansado, e persisti nesse fechamento. De súbito, compreendi, tinha encontrado o graal, a visão pura. O que vi de olhos fechados? Nada. Descobri que não havia nada para ver.
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