René Burri - Town of Shanghai, China, 1989
Era um sonho recorrente, daqueles que persistem ao longo da vida. Um quarto, um televisor e nele um rosto, parte de um rosto, para ser mais preciso, onde se abria um olho. Observava-me e seguia os meus passos dentro do quarto. Sentia incómodo, mas não medo. Não sei se o sonho era demorado, parecia-me que durava uma eternidade, até que acordava e não havia olho, rosto ou sequer um televisor. Nunca tive uma televisão. Até hoje, até agora que acordei e você está aí a olhar-me. Reconheço bem o olho que me espiou, o corte de cabelo que eu percebia no sonho e nada explica o que faz um televisor de ecrã estilhaçado no meu quarto.
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