Rodney Smith, Anika on Bicycle, 1993 |
Ela vinha
de bicicleta por uma álea e parava diante de nós, a certa distância. Olhava-nos.
Corria o boato de que vivia na floresta e, quando nos voltava as costas, para
lá retornaria. Ninguém o confirmou. A palavra cobardia será a mais adequada. O
fascínio que sobre nós exercia era tão grande quanto o terror que sentíamos se
os nossos olhos encontravam os dela. Raramente a vanglória das palavras corresponde
à grandeza dos actos. Estávamos todos apaixonados. Não houve quem dela se
aproximasse. Um dia, desmontou da bicicleta e começou a caminhar na nossa
direcção. Vou escolher um, disse. Fugimos miseravelmente. Nunca soubemos o que
lhe aconteceu. Nenhum voltou àquele sítio.