Poemas do Viandante (71)

71. No desejo da mão

No desejo da mão,
a voz da alegria.

E um grito ilumina
o que fica de cada dia.

Poemas do Viandante (70)

70. UM PUNHAL RASGA A NOITE

Um punhal rasga a noite
e canta em silêncio.

Ave de sombra,

pássaro de seda,

luz na boca que fala.

Poemas do Viandante (69)

69. SOMBRA E CLARÃO

Sombra e clarão,
sulco de pedra,
lâmpada
onde ilumino o coração.

Poemas do Viandante (68)

68. Noite, canção

Noite, canção
da floresta.

Frutos são rios.

Sonham
a flor que resta.

Poemas do Viandante (67)

67. SE TE TOCO

Se te toco,
as cordas vibrarão

e na penumbra
o frio faz-se luar.

Poemas do Viandante (66)

66. MURMÚRIO

o murmúrio da folha ao cair
desenha um raio de luz

voz que me chama ao partir

O limite de mim

Por vezes sonho um corpo apenas para o poder desejar, e no desejo daquela pele ou de um olhar, saber-me na verdade do meu ser. À beira da falência, já sem margem ou âncora, o desejo do outro envia-me o limite de mim. Pudera eu perder-me ali e mais perto de me encontrar, ou de Te encontrar, talvez estivesse.

Poemas do Viandante (65)

65. EM VÃO

o ramo prende 
a mão

ferida aberta
no corpo

nele canto-te
em vão

Poemas do Viandante (64)

64. ANJO

anjo perdido
na sombra da tarde

risco de terra
silêncio e mar

Poemas do Viandante (63)

63. AMOR

o amor rufa
na noite

sombra de aço
toque de clarim